Candidatura do Garrano a Património Nacional
Nos tempos actuais, assiste-se intensivamente a uma tentativa de redescobrir do “local” em contraposição do “global”, aprendendo a encarar o nosso património como um bem que representa identidade e que exalta o valor de uma cultura. Reconhece-se a ameaça da biodiversidade do Planeta, estimando-se que cerca de 11.000 espécies de plantas e animais corram o risco de extinção iminente num futuro próximo.
A particular riqueza do património nacional, fruto de uma secular, extensiva e tradicional utilização do património natural e o desenvolvimento de populações animais diferenciadas, origem das raças autóctones, responsabilizam-nos na preservação do património genético nacional e, em particular, da figura mais emblemática da biodiversidade milenária, a raça equina Garrana.
Animal de pequena estatura, garrote baixo e dorso recto, o Garrano teve em tempos idos, um valor reconhecido como cavalo de sela, no transporte de pessoas e bens, nos trabalhos agrícolas mas, perdidas estas aptidões, abandonado nas nossas serras do Minho, condenou-se à quase extinção.
A recuperação da raça Garrana tem como pilares fundamentais preservar, melhorar e divulgar. A salvaguarda do património genético e cultural, nos seus ecossistemas de montanha, consubstancia-se em projectos de desenvolvimento rural integrado, particularmente através de estratégias ambientais e turísticas de elevada qualidade e altamente diferenciadoras.
Neste sentido, um conjunto de entidades, de foro académico, científico, técnico e da administração local, bem como de organizações e individualidades de reconhecido mérito, entenderam promover uma Candidatura a Património Nacional do Garrano.
Esta candidatura, a ser coordenada pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo, pretende contribuir para a manutenção de um recurso biológico insubstituível integrando, num conceito holístico, perspectivas produtivas, genéticas, ambientais, sociais e culturais, evitando a tendência regressiva de uma raça autóctone e reforçando o orgulho e a identidade de um povo. É esta uma obrigação de uma região, de um país, de uma população com orgulho na sua identidade e na sua cultura.
Neste contexto, a candidatura, rege-se pelas seguintes acções:
– Estudo e caracterização da população garrana e sua envolvência social, ambiental, cultural, turística;
– Promoção e Divulgação – constituindo uma Marca, um Museu Virtual, promovendo as “Rotas do Garrano”, Internacionalizando a Rede de Equinos do “Tronco Celta” e prosseguindo no objectivo do reconhecimento do Garrano como Património;
– Intervenção Científica/Congresso – Ponto de referência e de intervenção científica que divulgue os trabalhos realizados ao longo deste projecto e seja o início de pontos de reflexão sobre o “Mundo do Garrano”;
Pelo exposto, e de forma a contribuir positiva e eficazmente, na preservação de uma espécie, com um património genético único nacional - a Raça Garrana - é necessário a consolidação/inter-ajuda de entidades nacionais competentes, num longo caminho a percorrer.