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O Garrano

O Garrano, pelo contrário, seleccionado pelo meio natural a que tão bem se adaptou ao longo dos tempos e que condicionou as suas particulares aptidões e utilização - transporte em regiões de montanha, tracção e trabalhos agrícolas - manteve as suas características desde os tempos mais remotos até aos nossos dias.

Os romanos deixaram-nos as primeiras referências escritas sobre os Garranos, referindo os seus andamentos rápidos e cómodos. Bem adaptados aos caminhos de montanha, eram utilizados como correio e transporte de carga a dorso.

As invasões da Península Ibérica pelos povos germânicos (Visigodos, Godos, Suevos e Vândalos) não exerceram grande influência sobre os nossos cavalos pois estas conquistas foram realizadas a pé com uma presença reduzida de equídeos.

Os vestígios arqueológicos, as referências escritas que remontam aos Romanos, as lendas que empolgam a História - ajudou Viriato a resistir aos Romanos até ser traído por um dos seus generais, D. Afonso Henriques teria tido um Garrano como montada – testemunham a forte inserção do Garrano no Norte do nosso território, especialmente a partir do repovoamento da região no reinado de D. Dinis.

Na Idade Média são mencionados nas leis portuguesas e o seu comércio manteve-se activo entre a Península, a Irlanda e a Inglaterra. O cavalo apto para o transporte na montanha torna-se então o mais adequado para o trabalho agrícola, integrando activamente a vida rural e animando o folclore regional com as corridas de passo travado nas feiras tradicionais.

O pequeno cavalo Garrano revela-se como o mais adequado à lavoura do sistema agrícola de minifúndio, e ao transporte de pessoas e mercadorias com maior economia e segurança pelas íngremes e sinuosas vias de montanha. De tal modo que, apesar de algumas leis terem pretendido obrigar à criação de cavalos de maior porte, nas Cortes de Évora em 1490, os lavradores minhotos obtiveram de D. João II permissão para criarem éguas Garranas. A raça Garrana expandiu-se, depois, também às regiões Centro e Sul de Portugal.

O Garrano enquanto animal de prestação de serviços, ao ser um cavalo rústico que correspondia ao perfil de tracção necessário aos trabalhos agrícolas, acompanhou as descobertas dos novos mundos que Portugal deu ao mundo: ajudou no reconhecimento de novos continentes, na instalação do homem nas mais diversas paragens, no desenvolvimento de economias, deu origem a novas raças de equinos no México (Galiceño) e Brasil (Crioulo), transportou com idêntica precaução médicos, padres, senhores da nobreza e as mais singelas gentes do povo.

Elogiado por estudiosos e curiosos de vários tempos, o cavalo Garrano permanece o paradigma do ponéi de montanha português.
 

         
         
 
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