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Sistemas de Produção

Os Garranos têm quase exclusivamente um sistema de exploração voltado para o regime extensivo que poderemos denominar de semi-selvagem em que os animais passam toda a sua vida em completa liberdade nas serras Minhotas e em pequeno número alguns animais estabulados que ainda servem como cavalo de sela e tiro ligeiro para trabalhos agrícolas.

Um dos problemas mais graves deste regime de exploração semi-selvagem é a predação pelo lobo que dizima anualmente mais de um terço dos efectivos nascidos. O lobo ibérico é também uma raça em extinção e como tal goza de medidas especiais de protecção que visam a sua preservação sendo os proprietários dos animais indemnizados pela perda do animal. No entanto, só raras vezes isto acontece porque só tem direito a indemnização se for feito o exame pericial com a apresentação da carcaça do animal predado o que é na maior parte dos casos impossível.

Para minorar estas perdas por predação, de modo a respeitar os animais envolvidos no ecossostema, existem centros de recrias.

Existem nesta ancestral raça de cavalos autóctones dois regimes distintos de exploração, o extensivo e o estabulado. No primeiro, do qual fazem parte praticamente a maior parte dos animais, estes pastoreiam livremente nas serras do Noroeste de Portugal. Os terrenos são normalmente baldios e os animais considerados semi-selvagens, pois só são vistos no dia das marcações em que são passados numa manga de maneio para fazer o controlo de efectivos, identificação a fogo e desparasitação. Estes animais geralmente constituem-se em éguada que é composta por um garanhão e um número de éguas que este ronda os 20 a 30 animais, defendendo-as do lobo e outros predadores.

Os cavalos estabulados são os que por norma estão nas explorações, sendo usados como cavalos de sela, atrelagem, trabalhos agrícolas e outras formas lúdicas. No entanto, tem-se vindo a verificar recentemente um aumento de criadores que têm os animais em propriedades para recria e lazer. As corridas de galope, andadura, a atrelagem, e a iniciação à equitação, têm tido grande incremento nos últimos anos.

O Garrano continua ainda a ser utilizado com um cavalo de sela. Não havia nenhuma casa de lavoura minhota que não o tivesse, ao que vulgarmente chamavam “burra” para fazerem as suas deslocações e trabalhos agrícolas. Este era o único meio de transporte do qual se poderiam socorrer as gentes do povo, pois não havia nem estradas nem veículos motorizados. Hoje só nas festas e romarias é que ainda vemos os criadores de cavalos chegarem montados nos seus Garranos, sobressaindo os grandes freios, as argolas para o ensino da andadura e pau para castigar o animal, sendo por vezes usados entre os criadores. Tradição, que já Ruy de Andrade referia em 1930 e que supunha ser uso e costume entre os Gauleses bracati e Romanos. Aparecendo assim, o Garrano, mais uma vez grandemente enraizado na tradição étnica, costumes e património cultural das gentes do norte...

O maneio da maior parte do efectivo da raça garrana é em regime de pastoreio livre, em que os animais pastoreiam todo o ano nos baldios e serras na sua zona de dispersão.

Dependendo da zona, uma vez por ano, cada criador junta os seus animais para identificação a fogo dos poldros, e provas morfo-funcionais dos adultos que vão entrar no Livro de Adultos (LG) ou Registo Zootécnico (RZ), retirar os animais que estão fora do padrão da raça, vender os que não interessam e fazer o controlo higio – sanitário.

A produtividade desta raça resume-se a uma parição anual (gestação 11 meses), como a recria é feita num regime livre, corre os riscos inerentes a este, ou seja, estão sujeitos a vários factores - climáticos, predadores, acidentes - o que não permite obter níveis produtivos elevados, uma vez que mais de metade dos poldros são predados pelo lobo não chegando a atingir a idade adulta. Os Invernos rigorosos e as secas prolongadas dos últimos anos são outro factor de perda de produtividade, aliados ao aumento da temperatura que multiplicou o número de ectoparasitas provocando a morte de animais mais debilitados.

         
         
 
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